Para aqueles que se manifestam contra a proibição do véu por ser um atentado contra as liberdades de expressão religiosa das comunidades muçulmanas nas democracias ocidentais, esta notícia é extremamente interessante. Andam muitos a defender uma suposta "liberdade" que nem certas comunidades muçulmanas reconhecem como tal.
O Eurodeputado Martin Kastler da CSU alemã lançou uma Declaração para a protecção do Domingo que será levada a cabo através de um referendo nos vários países da Europa comunitária. Trata-se de uma campanha pela protecção da família e da herança cultural e civilizacional que está na génese da construção e da estabilidade europeia.
Num momento de crise identitária em que a Europa se encontra, são de louvar iniciativas como esta. A desvinculação e a negação dos valores ocidentais por parte dos europeus têm contribuído para a incapacidade de afirmação da Europa no Mundo, bem como para o enfraquecimento das suas políticas e para o impasse das democracias europeias na resolução dos problemas do mundo globalizado, como são os casos da imigração ou da corrupção. Uma Europa que defende e que afirma os seus valores é uma Europa que se dá ao respeito e que se encontra capacitada para o diálogo intercultural.
Além disso, acredito que um domingo de descanso, ao contrário do que se possa vir a dizer, não prejudicará as economias europeias. Bem pelo contrário. Conceder aos trabalhadores europeus um dia livre de trabalho contribuirá por um lado para um melhor desempenho laboral e por outro para a melhoria da educação, bem como das relações familiares, sendo que uma família forte conduz a uma sociedade forte. Aliás, muitos são os que se queixam de que os pais nunca estão em casa porque passam a vida a trabalhar. Está provado que a falta de contacto paterno e materno prejudica seriamente o desenvolvimento do indivíduo enquanto pessoa e deixa as crianças sem amparo, levando-as muitas vezes a recorrerem a alternativas que todos nós já conhecemos e lamentamos. A educação inicia-se no seio da família e é, por isso, fundamental para a estruturação de uma sociedade equilibrada. Defender um dia onde os pais possam estar com os filhos a tempo inteiro é defender o futuro e o progresso dos países europeus.
Será isto normal num Estado de Direito Democrático? Já não basta a perseguição aos jornalistas, agora também os cidadãos vão ser perseguidos pelo Governo só por terem rendimentos mais elevados? Vamos ter de tolerar a invasão da nossa privacidade porque os socialistas não conseguem encontrar melhores medidas para combater a corrupção? Um verdadeiro atentado à liberdade é o que isto é! É que nem eu sei quanto ganham os meus pais por mês ou por ano!! Ninguém tem nada a ver com os rendimentos dos outros! Se continuarmos neste caminho, qualquer dia até vamos ver as nossas transferências e movimentos bancários limitados como na Venezuela!
As previsões sobre os números do défice falharam, mas não foi com qualquer intenção enganadora, segundo o nosso Ministro Teixeira dos Santos, que também já assumiu a responsabilidade pelo estado das nossas finanças. Por sua vez e, ao contrário do que andávamos todos a pensar – que o Governo tem andado a fazer um enorme esforço para reduzir o défice, – o Primeiro-Ministro vem agora dizer que afinal o défice subiu porque o Governo assim o quis! E com isto, a culpa do estado da nossa economia já não é apenas da crise internacional como andavam a invocar durante a campanha eleitoral.
Será que Sócrates também vai dizer que não nos quis enganar quando convencia os Portugueses de que o aumento dos impostos se destinava a reduzir o défice ou vai admitir que esse aumento de impostos simplesmente serviu para nos endividar ainda mais com um conjunto de más políticas económicas e com planos de investimentos megalómanos?
Parece que as maiorias relativas obrigam os governos a dizer algumas verdades e tornam mesmo os governantes mais humildes!
É tão engraçado como o Governo se tem esforçado ao máximo por cumprir o seu programa eleitoral e por demonstrar a democraticidade da sua governação! Agora vem dizer que, se a lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo receber o chumbo do Tribunal Constitucional, essa lei passará a abranger a possibilidade de adopção por parte de casais homosexuais. Ou seja, depois de muitas críticas sobre a inconstitucionalidade daquilo que foi aprovado na AR na passada sexta-feira, o Governo finalmente caíu em si e parece estar a admitir que, efectivamente, aquilo que foi aprovado é mesmo um verdadeiro "aborto jurídico" e pouco ou nada tem de democrático - desde as discriminações dentro da própria lei, ao desprezo de mais de 90.000 assinaturas.
Só é pena que o Governo não se preocupe de igual modo em cumprir o seu programa quando se tratam de questões prioritárias como o combate ao desemprego, à divida pública ou ao endividamento externo. Mas lá está, neste caso mais vale não cumprir e atender às criticas. O problema é que teimosia e a cegueira do nosso Primeiro-Ministro impede-o de chegar à conclusão a que muita gente já chegou - que o programa de governo também ele é no seu todo um aborto.
Na mensagem de Ano Novo, o Presidente da República relembrou os Portugueses que a crise que vivemos hoje não é só uma crise económica, mas é também uma crise de valores, apelando para a necessidade de «recuperar o valor da família», justificando que «o esbatimento dos laços familiares tem sido um dos factores que mais contribuem para agravar as dificuldades que muitos atravessam».
Um apelo que nunca é demais ouvir, principalmente perante o momento que se avizinha...
Podemos e temos todos os motivos para estar preocupados com o estado da nossa economia e das nossas instituições, mas não podemos ignorar o cenário alarmante com muitos países e regiões do mundo se defrontam em termos políticos, económicos e sociais e que, por mais pequenos que esses países aparentem ser, o que sucede dentro das suas fronteiras tem, ou poderá inevitavelmente ter repercussões catastróficas em todo o mundo.
Este é o índice de Estados falhados no mundo ou de Estados que caminham nesse sentido. A tentativa de atentado no vôo 253 da Delta-Northwest Airlines nos EUA serviu para reavivar a memória da comunidade internacional de que o terrorismo é ainda a maior ameaça com que o ocidente se defronta e, do mesmo modo, o são os Estados incapazes de manterem a sua ordem interna. Estamos a empenhar enormes recursos humanos e materiais no Afeganistão para derrotar de uma vez por todas a al-Qaeda na região e assistimos simultaneamente ao seu ressurgimento em outros pontos de igual preocupação como o Iémen, a Somália ou o Iraque, países esses onde a situação merece acrescido destaque. O que aconteceu no vôo 253 levou, por um lado, muitos analistas internacionais a alertarem para o facto de o Iémen ser a próxima frente na guerra contra o terrorismo e, por outro, a repensar toda a estratégia de contra-terrorismo nestes países.
O terrorista que se encontrava dentro do vôo 253 tinha nacionalidade nigeriana, tendo recebido formação da rede da al-Qaeda no Iémen. Ora, o Iémen é um típico exemplo de Estado falhado. Possui um vasto território, com recursos mal distribuídos, um elevado nível de pobreza e desemprego, uma economia em colapso, uma população dividida por ideologias políticas e tribais que, para acrescentar às suas dificuldades, se defronta com o problema da escassez de água. Derivado das facções ideológicas, o país vive uma guerra civil causada por um movimento secessionista no sul e por uma rebelião xiita no norte em confronto com o governo, por sua vez bastante corrupto. Este é o cenário preferido para a al-Qaeda se movimentar, pois sendo o governo fraco e incapaz, beneficia de total liberdade de acção. Também, de forma igualmente alarmante, na Somália, a al-Qaeda que até há pouco tempo apenas tinha ligação aos grupos islâmicos extremistas nacionais, tem-se vindo a colocar por trás dos ataques de pirataria no Golfo de Áden.
A al-Qaeda é portanto um produto dos Estados falhados e emerge onde existam conflitos locais. Neste sentido, a comunidade internacional defronta-se com um enorme desafio, cujas previsões de sucesso se aparentam difíceis. As redes terroristas são como um vírus: têm alcance global, mudam as suas tácticas à medida que seus segredos vão sendo descobertos, vão-se infiltrando onde o anti-virus não estiver activado e onde existir uma brecha securitária. Daí o problema destes Estados, pois é nesses países onde existem pessoas desesperadas e dispostas a serem radicalizadas, além de que, como já vimos, com poucos recursos é possível inflingir danos humanos e materiais inimagináveis em qualquer parte do mundo. A globalização tem de facto as suas desvantagens. E por isso questiono: irá alguma vez ser possível derrotar estas redes terroristas?
Outrora tivemos um mundo dividido por um muro ideológico que servia como garante das identidades e dos valores defendidos por cada lado da cortina de ferro. O Muro de Berlim caiu e com ele, faliu o modo de vida comunista imposto aos povos do outro lado. Os interesses dos protagonistas eram cobertos pela capa das ideologias e do bem-estar económico-social inerente a cada uma delas e, apesar das ameaças, o Ocidente vivia um sentimento de confiança historicamente incomparável. Durante algum tempo ainda se pensou que o modelo democrático ocidental iria prosperar, servindo de exemplo a uma quantidade de povos que durante longo tempo ansiaram pela liberdade. Contudo, o que se verificou foi que, na Europa, as comunidades religioso-culturais aumentaram e no mundo, outros fenómenos emergiram, motivados por interesses abafados e controlados por uma estabilidade mantida durante quarenta anos. Num mundo mais globalizado e marcado por um vazio geopolítico, foi necessário encontrar outra cobertura para a justificação desses interesses. E essa cobertura foi a religião, com Deus a regressar ao campo de batalha e, assim, o modo de vida ocidental a estar novamente sob premanente ameaça.
Facilmente infiltrável por outros modos de vida e culturas, a democracia ocidental foi obrigada a arranjar novos meios para se defender. O espaço de liberdade imperante nos países democraticos passou a ser utilizado por interesses mal intencionados de vingança e de ódio para fomentar o radicalismo e o fundamentalismo, nomeadamente de cariz islâmica, com expressão máxima nos atentados terroristas de 11/9, 11/3 e 7/7. Para se defender, a democracia passou a dar mais importância à segurança, embora no momento a seguir, surgissem críticos e a opinião pública em defesa da liberdade, gerando um dilema de desconfiança por parte dos cidadãos em relação aos poderes públicos que actuam em sua defesa.
Por outro lado, a campanha de homogeneização promovida pelos governos europeus, curiosamente, em nome da liberdade não só tem contribuído para exponenciar a crise de valores e de identidade já sentida, mas também para fomentar revoltas por parte das comunidades acolhidas. Parece que professar a religião na Europa se tornou condenável. São abolidos crucifixos em espaços públicos, é proibida a construção de minaretes, são impostas regras ao vestuário. Em nome da igualdade, prejudica-se a liberdade de expressão e a liberdade religiosa. Em nome da igualdade tentam-se apagar as heranças culturais e civilizacionais europeias para não causar insatisfação a outras comunidades que, voluntariamente, escolhem a democracia motivadas pela crença de se poderem expressar livremente.
Pretendo com esta reflexão meramente transmitir que, está na altura de repensar toda a campanha de laicidade e de anti-religiosidade promovida na Europa. Sendo o mundo ocidental um conjunto de democracias livres, o dever de qualquer governo neste círculo é o de promover a liberdade religiosa, a tolerância e o diálogo intercultural, sem perder acima de tudo as suas raízes culturais e tradicionalmente judaico-cristãs. Actuar inversamente é minar a democracia e contribuir para o incremento da crise identitária em que o ocidente vive, fomentar a intolerância, impossibilitar o diálogo e convidar a radicalismos. Pois não é por acaso que as comunidades muçulmanas na Europa são mais perigosas e radicais do que as comunidades muçulmanas nos Estados Unidos.
Do mesmo modo que o aquecimento global se torna cada vez mais preocupante, também a forma como o clima aqueceu na Cimeira de Copenhaga foi uma realidade preocupante. Na ordem de trabalhos não deixou de estar presente a sombra do colapso. Não bastou ter ficado bastante àquem das espctativas, o acordo selado em Copenhaga foi acompanhado por tensões, discórdias e imprevistos, com países a abandonarem a cimeira antes sequer desta ter terminado. Apesar das tentativas de esconder as frustrações por meio de declarações finais de optimismo, o clima de aquecimento não deixou de ser notório durante os 12 dias de conversações. Tão pouco, as declarações foram as mais felizes, quando o acordo que se tentava a todo o custo negociar, foi comparado ao holocausto numa tentativa de manifestação de desagrado por parte do presidente do grupo dos países mais pobres do mundo.
Para infelicidade de muitas almas, sempre bem intencionadas, o acordo do clima ficou muito longe do que se pretendia e do que o próprio Presidente Obama ambicionava. Mais uma vez o Presidente não conseguiu exibir a capacidade de liderança que ele próprio, os Europeus e até os Estados Unidos esperavam da sua imagem de unificador dos povos. E bem constrangedora se tornou a situação quando, na hora em que Obama combinara uma reunião privada com o primeiro-ministro chinês para tentar chegar a um acordo com aquele que é um dos países mais importantes no combate às emissões de carbono, este último já se encontrava reunido com os líderes da India, África do Sul e Brasil, sabe-se lá a falar de falar de quê.
No final, acabou por ser adoptado um texto legalmente não vinculativo. Ficaram-se por um tratado voluntário, através do qual os países por livre vontade se comprometem a fazer esforços no combate às alterações climáticas, sem metas definidas ou qualquer indicação de como alcançar o “ambicioso” objectivo de não deixar a temperatura global aumentar para lá dos 2ºC. Da mesma forma, não foi esclarecido como ou onde irão os países mais ricos buscar o dinheiro para compensar os países mais pobres na sua cruzada contra as alterações climáticas.
Em suma, desta cimeira pouco se conseguiu, mas (segundo Merkel e Sarkozy) “é melhor que nada”! Fica a questão: Irá alguma vez ser possivel alcançar um acordo climático enquanto as economias dos países do mundo andarem a diferentes velocidades? Por mais que nos preocupemos com o ambiente, não podemos esquecer que os países se movem em primeiro lugar pelo interesse nacional. Ficámos pelo menos esclarecidos de uma coisa - não é por mudar o presidente dos Estados Unidos que o problema das alterações climáticas vai ficar resolvido.
É curioso como dentro de um partido onde os valores da democracia-cristã são suposto constituirem o fundamento de todo o combate político-ideológico, há quem defenda que a estrutura-base da nossa sociedade deva ser alterada em nome de uma suposta liberdade que outros reivindicam pelo simples desejo de reconhecimento ou de afirmação. É curioso constatar que esses se estão a colocar ao lado dos partidos à esquerda, ao não compreenderem que, aos Portugueses (e «àqueles que sempre desvalorizaram a discussão sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo») não deve ser negado o direito a expressarem-se democraticamente sobre um assunto que cabe à sociedade decidir e não ao Estado. É curioso observar como aqueles que defendem o Estado mínimo na economia, queiram permitir ao Estado interferir na vida privada dos seus cidadãos.
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