A Irlanda gere um orçamento altamente deficitario, o FMI, as agencias de rating e a UE ameaçaram, por isso decidiram cortar salários dos funcionários publicos em 10%, cortar despesas correntes em mais de 20%, e um sem numero mais de medidas que permitiu que neste momento já não seja dos casos mais dramáticos da zona Euro.
A Grécia mentiu sobre as contas públicas (não soa tão tristemente familiar ?), teve um defice declarado superior a 12% em 2009, está à beira de mais um downgrade, e que vai fazer? Contratar um funcionario publico por cada 5 que saem, congelar salarios acima de 2000 eur e cortar 20% nos beneficios dos funcionarios publicos, cortar pensões dos que trabalham e recebem pensões em 70%, combater a corrupção, aumentar o IVA, cortar na despesa corrente e privatizar empresas publicas. Com isto, a pressão foi certamente menor.
A Roménia, a Hungria, a Letónia (todos países com intervenção directa do FMI) também reduziram despesa, despediram funcionários publicos e cortaram salarios dos mesmos.
Ainda bem que o que se discute em Portugal é por onde é que vai gastar mais ! Mais depressa vem o FMI e mais depressa somos geridos por gente competente!
Portugal está sob o olhar atento dos mercados internacionais. Não, os investidores não têm um odio particular por Portugal para estarem a declaradamente aumentar o prémio de risco da República. Mas os investidores sabem que Portugal têm um Estado social enorme, impostos do mais socialista - no sentido mais marxista possível do termo - que há por esse mundo, baixa produtividade, ainda menor competitividade, défice galopante e dívida externa descontrolada (e sem sequer se estar a pensar em controlar).
Por outras palavras, temos um estado social de ricos (qual país nórdico), gastamos como novos ricos (qual Brasil), endividamo-nos como se tivessemos país ricos (a Alemanha?), cobramos impostos como só o Estado importasse (qual império Romano..que é dele hoje?), trabalhamos e reclamamos como se todos nos devessem e ainda exigimos aumentos salariais, espante-se, como se produzissemos como máquinas (qual China...).
Ou seja, um filme de horror, agravado pela incompetencia socialista (e falta de cojones políticos também da oposição) para agir.
Ja sei, estamos à espera que ou a UE ou o FMI nos imponha as medidas dificeis, e assim os nossos brilhantes políticos possam escudar-se nesse brilhante argumento: "não fui eu! Foram os maus dos capitalistas e centralistas/federalistas!"
Mas não se iludam, por cada euro a mais de dívida (isto inclui, obviamente o défice) a nossa soberania foge a passos largos para Bruxelas... ou seja, para Berlim. E nem sequer consigo dizer que isso seja propriamente uma mau...ao ponto a que chegamos, precisamos mesmo é quem consiga gerir o País, e não eleger-se e manter tachos ou poder. Triste fado.
A Irlanda é de facto um exemplo a seguir, mesmo quando se tornou um mau exemplo. Como o Tiago aqui diz, a Irlanda teve coragem de implementar medidas orçamentais no imediato, evitando o proliferar e alargar do risco de default (e portanto, do preço de contrair mais dívida, inevitável nesta altura).
A Irlanda vai cortar - leiam bem, sim, "cortar" nao é "congelar" - 6% nos salários dos funcionários públicos e vai cortar - "CORTAR" - despesas do orçamento. No total, a Irlanda vai poupar 6% no lado da despesa, ou seja, vai cortar 4 mil milhões de Euros na despesa. Ao todo, a Irlanda deve melhorar o orçamento em 7 mil milhões de Euros entre cortes da despesa e aumentos one-off de impostos. Tudo para chegar a 2013 com um défice dentro dos 3%, evitar mais downgrades no rating e permitir baixar o spread da dívida pública.
Tendo em conta que Portugal tem o mesmo objectivo para o défice em 2013, parte de uma situação orçamental parecida, mas tem muito menos potencial de crescimento, alguem acredita que estamos realmente no bom caminho?
(e ja agora, será que os grandes investimentos públicos, para um país sobreendividado é a solução ? não aprenderam nada com o subprime americano (contrair dívida para pagar dívida...)?
Valha-nos o Euro e a Alemanha.
A soberania de um Estado manifesta-se de várias formas. Com exército, com fronteiras, com leis, com moeda própria...
Mas a falta de soberania é mais dificil de caracterizar.
Uma da piores formas de perda de soberania não é, segundo o que tantos pensam, assinar tratados como o de Lisboa, ou aderir ao Euro. Pelo contrário.
Das piores perdas de soberania que um Estado pode ter é o sobreendividamento.
Portugal está neste momento a caminho dos 85%-90% de endividamento em termos de PIB. Isto quer dizer que teriamos de entregar toda a riqueza gerada num ano para pagar as dívidas; se pensarmos que mais que 50% dessa riqueza é entregue ao Estado em Impostos... dá que pensar.
A Grécia está a caminho de um rácio de 125% de divida sobre o PIB. A Irlanda deverá chegar aos 100% e a Espanha deve igualar o nosso rácio.
Em termos práticos, Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha ainda não faliram porque a Alemanha é o avalista tácito. Isto sim, é perda de soberania.
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