A Irlanda é de facto um exemplo a seguir, mesmo quando se tornou um mau exemplo. Como o Tiago aqui diz, a Irlanda teve coragem de implementar medidas orçamentais no imediato, evitando o proliferar e alargar do risco de default (e portanto, do preço de contrair mais dívida, inevitável nesta altura).
A Irlanda vai cortar - leiam bem, sim, "cortar" nao é "congelar" - 6% nos salários dos funcionários públicos e vai cortar - "CORTAR" - despesas do orçamento. No total, a Irlanda vai poupar 6% no lado da despesa, ou seja, vai cortar 4 mil milhões de Euros na despesa. Ao todo, a Irlanda deve melhorar o orçamento em 7 mil milhões de Euros entre cortes da despesa e aumentos one-off de impostos. Tudo para chegar a 2013 com um défice dentro dos 3%, evitar mais downgrades no rating e permitir baixar o spread da dívida pública.
Tendo em conta que Portugal tem o mesmo objectivo para o défice em 2013, parte de uma situação orçamental parecida, mas tem muito menos potencial de crescimento, alguem acredita que estamos realmente no bom caminho?
(e ja agora, será que os grandes investimentos públicos, para um país sobreendividado é a solução ? não aprenderam nada com o subprime americano (contrair dívida para pagar dívida...)?
Valha-nos o Euro e a Alemanha.
Por mim não tarda nem mais um segundo. É que vai sendo reconhecido, por políticos e economistas, que o problema português se encontra no descanso que se dá à despesa para vegetar numa engorda progressiva à custa da receita, toda ela cozinhada pelo contribuinte. Diz-se, supostamente por quem percebe da coisa, com alguma unanimidade, que o corte na despesa é o caminho. Fazem, no entanto, aqueles que deviam ter coragem para pôr em prática essa unanimidade, exactamente o contrário. Por isso, é que o exemplo corajoso da Irlanda é notável. Mas, infelizmente, impraticável por cobardes que têm mais língua do que bom senso. Se o crescimento excepcional da Irlanda não serviu de exemplo para ninguém, era o que faltava estarmos agora a imitar-lhes a coragem.
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