Como é que podemos acreditar num governo, que, ao mesmo tempo que pede sacrifícios à população e em especial aos funcionários públicos, congelando-lhes os salários - nem sequer aumentando o equivalente à inflação de 0,8% - proporciona um aumento de 3,2% às despesas de representação (viagens, telemóveis, carros, etc..) dos Ministros e respectivo staff directo.
Será que ele não olham aqui para o país vizinho???
As previsões sobre os números do défice falharam, mas não foi com qualquer intenção enganadora, segundo o nosso Ministro Teixeira dos Santos, que também já assumiu a responsabilidade pelo estado das nossas finanças. Por sua vez e, ao contrário do que andávamos todos a pensar – que o Governo tem andado a fazer um enorme esforço para reduzir o défice, – o Primeiro-Ministro vem agora dizer que afinal o défice subiu porque o Governo assim o quis! E com isto, a culpa do estado da nossa economia já não é apenas da crise internacional como andavam a invocar durante a campanha eleitoral.
Será que Sócrates também vai dizer que não nos quis enganar quando convencia os Portugueses de que o aumento dos impostos se destinava a reduzir o défice ou vai admitir que esse aumento de impostos simplesmente serviu para nos endividar ainda mais com um conjunto de más políticas económicas e com planos de investimentos megalómanos?
Parece que as maiorias relativas obrigam os governos a dizer algumas verdades e tornam mesmo os governantes mais humildes!
A argumentação socialista baseada na colagem literal ao seu programa na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo – que os levou a recusar propostas de dois partidos nesse sentido há uns tempos e os fez aprovar o alargamento do "casamento" para os homossexuais sem a adopção – pode tornar-se num beco sem saída para o PS.
Vamos imaginar que a inconstitucionalidade da coisa fica provada. O que fará Sócrates? Inclui a adopção e legisla sobre uma situação para a qual – segundo a lógica socialista – não tem mandato para legislar? Ou volta atrás, fazendo aprovar um regime jurídico próprio para estes casos, deixando cair a proposta programática de “remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo”?
Num caso como noutro, o argumento oco que os socialistas foram usando como fuga, será o mesmo que os vai fazer cair numa armadilha programática e jurídica criada por eles próprios.
É tão engraçado como o Governo se tem esforçado ao máximo por cumprir o seu programa eleitoral e por demonstrar a democraticidade da sua governação! Agora vem dizer que, se a lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo receber o chumbo do Tribunal Constitucional, essa lei passará a abranger a possibilidade de adopção por parte de casais homosexuais. Ou seja, depois de muitas críticas sobre a inconstitucionalidade daquilo que foi aprovado na AR na passada sexta-feira, o Governo finalmente caíu em si e parece estar a admitir que, efectivamente, aquilo que foi aprovado é mesmo um verdadeiro "aborto jurídico" e pouco ou nada tem de democrático - desde as discriminações dentro da própria lei, ao desprezo de mais de 90.000 assinaturas.
Só é pena que o Governo não se preocupe de igual modo em cumprir o seu programa quando se tratam de questões prioritárias como o combate ao desemprego, à divida pública ou ao endividamento externo. Mas lá está, neste caso mais vale não cumprir e atender às criticas. O problema é que teimosia e a cegueira do nosso Primeiro-Ministro impede-o de chegar à conclusão a que muita gente já chegou - que o programa de governo também ele é no seu todo um aborto.
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