"There is a great, basic contradiction in the teachings of Jesus. Jesus was one of the first great teachers to proclaim the basic principle of individualism -- the inviolate sanctity of man's soul, and the salvation of one's soul as one's first concern and highest goal; this means -- one's ego and the integrity of one's ego. But when it came to the next question, a code of ethics to observe for the salvation of one's soul -- (this means: what must one do in actual practice in order to save one's soul?) -- Jesus (or perhaps His interpreters) gave men a code of altruism, that is, a code which told them that in order to save one's soul, one must love or help or live forothers. This means, the subordination of one's soul (or ego) to the wishes, desires or needs of others, which means the subordination of one's soul to the souls of others.
This is a contradiction that cannot be resolved. This is why men have never succeeded in applying Christianity in practice, while they have preached it in theory for two thousand years. The reason of their failure was not men's natural depravity or hypocrisy, which is the superficial (and vicious) explanation usually given. The reason is that a contradiction cannot be made to work. That is why the history of Christianity has been a continuous civil war -- both literally (between sects and nations), and spiritually (within each man's soul)."
- Ayn Rand, Letters of Ayn Rand, p. 287
Em toda a filosofia objectivista, erradamente (a meu ver) se confronta individualismo vs. altruísmo e, de forma pouco inocente, se faz a ponte para a equiparação deste confronto como o de sendo individualismo vs. colectivismo.
Precisamos de separar conceitos. Se se pode falar de individualismo vs. colectivismo, quando se quer confrontar o altruísmo, tem de se falar do egoísmo, e não do individualismo.
Toda esta questão corre sempre o perigo de cair numa mera discussão de semântica, dado que, em linguagem corrente, é bastante comum tratar-se individualismo e egoísmo como quase sinónimos. Mas se queremos falar de uma forma clara, filosoficamente clara, é necessário separar os conceitos e tratar as coisas pelos nomes.
De facto, está errado colocar-se o pensamento cristão, nesta contenda entre individualismo vs. colectivismo, do lado do colectivismo. Da mesma maneira está errado colocar-se, sem reservas, o pensamento cristão do lado do individualismo. Ele não é, totalmente, nem um nem outro. Teríamos de explorar um terceiro vértice (que já não é matéria para este post): o personalismo.
Para um cristão, o altruísmo é uma questão ética, uma virtude moral. Se acha que compete, ou não, ao Estado o garante de mínimos (por forma contributiva de todos) a certos sectores da sociedade, isso já seria uma discussão de liberalismo. Um liberal pode ser cristão (ou muçulmano, ou hindu), considerando o altruísmo uma virtude moral, mas defendendo que não compete ao Estado exercer por "coerção" essa virtude, defendendo que compete ao indivíduo a decisão de contribuir, ou não, para o alívio das necessidades de outros.
O que não se pode ignorar é que existe, de facto, uma contradição entre objectivismo e cristianismo ou, pelo menos, uma incompreensão parcial do que é (realmente) o cristianismo, por parte do objectivismo.
Da análise da filosofia objectivista, salta à vista a forma categórica com que aborda toda a questão do código de ética comportamental humana: o altruísmo é considerado contra-natura, exalta-se o individualismo (egoísmo, para se ser mais correcto) como único garante da felicidade. Ocorre sempre, desta análise, a interrogação do que aconteceria, em termos hipotéticos, a uma sociedade se todos os seus indivíduos fossem, de facto, objectivistas. Seria o fim da sociedade? Será por isso que, como alguns dizem, pela determinação comum do desenhar um Homem Novo e da quebra das fundações judaico-cristãs do pensamento ocidental, o objectivismo é tão utópico como o socialismo?
Bom, mas para interrogações filosóficas parece que os pontos abordados já são dose suficiente.
.
.
outros blogs