O Tiago disse, no post anterior, que Não sei qual a posição do Carlos Santos na altura, mas parece-me simplex de adivinhar que usou uma linha de raciocínio e um conjunto de argumentos que não incluíam esta ideia que agora fez questão de utilizar.
Antes pelo contrário, este indivíduo ousa agora dizer que A proposta do depósito para o nasciturno levantar quando completasse 18 anos, tinha subjacente um processo de capitalização. Havia um benefício na espera. um benefício que, com uma miraculosa taxa de juro de 10% ao ano (que acredito que nunca existirá, e à qual teremos com certeza de descontar impostos), teria um valor final fantástico de 1111,983€ (contas minhas), além de, como o CDS deixou claro, ser mais um benifício às entidades bancárias, que ficariam com aquele dinheiro em seu poder durante 18 anos, do que às famílias.
Além disso, Carlos Santos acredita que 18 anos é pouco tempo, comparado com um intervalo que começa, nas suas contas, nos 25 anos. Diz também o referido senhor que aqui não haveria capitalização. Mais uma vez o PS a esquecer onde se encontram depositados os fundos da segurança social.
Dizer que há benefício na espera, na proposta socialista, numa crítica a esta do CDS, é dizer, implicitamente, que nesta proposta não há benifício na espera. Claramente existe, uma vez que uma majoração da reforma implica uma reforma maior que, logicamente, é melhor que uma menor.
Dizer que esta medida se a medida tiver subjacente a lógica de discriminação positiva(...), essa compensação foi sendo feita (...) com a dedução de despesas (...) no IRS é mais uma falácia, já que esquece que os tectos para estas deduções são, na generalidade dos casos, definidos por um valor fixo, e não multiplicado pelo número de filhos.
Por fim, chamar a esta medida um golpe adicional (...) na robustez e sustentabilidade do sistema de segurança social pública é, mais uma vez, falso. Essa despesa adicional apenas acontecerá se ela tiver sucesso e, assim, o factor desse sucesso, as crianças entretanto nascidas, compensarão, em larga medida, esta despesa, pelos seus próprios descontos. Talvez até por isso, esta medida, em que a despesa do estado apenas é feita quando as pessoas já estão, em princípio, no mercado de trabalho, seja uma das mais equilibradas que se pode fazer neste aspecto, ainda mais nos prazos referidos por Carlos Santos (2070).
Por último, vir falar na hipotética inconstitucionalidade de uma possível discriminação em relação aos casais homossexuais é pura futurologia que não merece sequer ser comentada.
Está visto. A postura sobranceira de José Sócrates não nasceu por força da maioria absoluta que o sustentou na anterior legislatura. Está mais do que visto que a maquilhagem de suavidade e tolerância mais não foi do que uma tentativa de minimizar os estragos às portas das eleições. A arrogância no trato e a superioridade moral empregue em cada intervenção do primeiro-ministro são tão genuínas como a falta de tacto político de uma Ferreira Leite ou a demagogia barata de um Louçã. Está lá, é dele. O homem é assim.
É que agora os deputados socialistas não chegam para ocupar mais de metade dos lugares do parlamento. Agora a oposição está livre e há mais vozes que podem falar. Agora a legislatura anterior não teve governo de direita. Quer ele goste ou não goste. E ele não gosta. Desdenha. Critica. Vitimiza-se. Irrita-se. Vive num mundo que, aparentemente, não é bem o dele. Chama-se democracia e, para alguns, é uma coisa lixada.
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