Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2009

Os minaretes da democracia

O Islão implica muçulmanos, o Islão implica mesquitas, o Islão implica minaretes. São factos que dispensam qualquer esforço mental.

 

A probição da construção de mais minaretes na Suiça é uma questão que, ao que parece, já requer um pequeno esforço de análise.

 

A liberdade religiosa é um imperativo, é um direito humano fundamental. Na Europa onde vivemos, que se rege pelos cânones civilizacionais do ocidente democrático, de matriz judaico-cristã, aprendemos a evoluir e a respeitar a liberdade das pessoas para seguir e praticar a religião à sua escolha.

 

Parece-me a mim, como aqui já o disseram, que esta questão está coberta de ridículo. Não existe uma justificação aceitável para esta proibição e até as instâncias religiosas católicas e protestantes já vieram condenar o resultado do referendo, advogando precisamente,  que a liberdade religiosa é um direito fundamental.

 

Não deixo de ter um espírito crítico quanto às comunidades muçulmanas que vivem em solo europeu. Em França, principalmente, como na Alemanha e Suécia, estas comunidades tornam-se num problema sensível quando, insistentemente, continuam a isolar-se e a desrespeitar leis de direitos humanos (principalmente no que toca o tratamento das mulheres) que colidem com as suas convicções religiosas.

 

Eu não sou politicamente correcto nem tenho complexos anti-"sionistas" (o que quer que isso signifique) que me faça ter uma atitude de desculpabilização em relação aos muitos defeitos do Islão que é, vê-se, facilmente radicalizável. Para mim, a nossa civilização é melhor que a islâmica ou a chinesa no que toca o respeito pelo próximo - é esta a revolução do pensamento cristão - e foi precisamente esta nossa civilização que, apoiada numa matriz judaico-cristã de pensamento moral e ético, foi evoluindo essas bases, tornadas Lei, de modo a um melhor funcionamento da sociedade, de respeito pelo próximo e com uma intrínseca aderência aos valores democráticos. Evolui-se.

 

Somos mais democráticos e mais respeitadores do que os chamados Regimes Islâmicos que ainda não separam a religião do Estado. A nossa superioridade moral (não tanto nas pessoas, mas nos regimes) está patente na forma como os tratamos cá, em solo europeu, nesta nossa civilização que lhes dá os mesmos direitos que qualquer cidadão nascido na europa ou em áfrica, cristão ou muçulmano, ateu ou crente, homem ou mulher. Mas os direitos acarretam, como todos sabemos, deveres. Portanto trata-se de um compromisso que cada cidadão firma com a sociedade onde se está a inserir.

 

Numa altura em que tudo é considerado aceitável, onde as sociedades se moldam consoante as vontades da maioria - é esta a forma democrática - o modelo de Estado democrático enfrenta um grande desafio.

O processo de decisão e de governo democrático nunca se deve fazer anteceder de algo que lhe é anterior e superior: a moral e a ética.
O facto de uma decisão ser democrática não significa, necessariamente, que esta seja aceitável. Se assim fosse, 50,1% de uma população poderia decidir matar os outros 49,9%. Teria sido uma decisão democrática, sem dúvida, mas inaceitável.

O sucesso da democracia depende portanto da consciencialização desta de que existem limites à sua acção.

A suprema herança que o cristianismo deixa à civilização é precisamente a sua ética. A ética cristã que, quer a crentes e ateus, vincula a consciência individual das acções de cada um, é algo que ultrapassou o significado religioso e se tornou intrínseca ao quotidiano da sociedade.
 

 

Se a sociedade não cair em tentações pírricas, anarquismos e anti-clericalismos, ou seja, se compreender que o Estado não re-inventará a ética dos Homens e que esta é superior e anterior ao próprio estado democrático, estará certamente no rumo do progresso sustentável e de evolução cultural.

 

Numa altura em que se debate, por exemplo, a obrigatoriedade da educação sexual nas escolas (nem vou falar dos minaretes), convinha interrogarmo-nos como cidadãos se o ensino da moral e da ética, sem qualquer preconceito ou fanatismo religioso, não seria muito mais importante, vital até, para a melhor formação dos cidadãos.

 

De facto, os minaretes de que precisamos são aqueles em que se faça o chamamento à consciência interior de cada indivíduo em versos de paz e respeito que inspirem o melhor em cada um.

 

publicado por Luís Pedro Mateus às 15:18
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De Ana Gabriela a 3 de Dezembro de 2009 às 21:36
Luís

Proponho-lhe apenas um exercício simples:
Não terá sido precisamente "o chamamento da consciência interior de cada indivíduo" ,naquela comunidade suiça, que resultou no resultado contra a construção dos minaretes?

Não podemos olhar os europeus dessa forma paternalista. Não lhes podemos passar um atestado de menoridade e imaturidade.
Essa atitude é precisamente a dos burocratas da CE, do poder centralizado.

Nem sei porque é que o tema me irritou tanto. Talvez por ver que o laicismo militante só se insurge contra crucifixos nas escolas, que não incomodam ninguém e são símbolo da nossa cultura de raíz, e quer impor aos suiços os símbolos em altura, quais obeliscos, no seu território.


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