Quando um BCP apresenta um aumento de lucros na ordem dos 12% para 225 milhões de euros em 2009 e recusa bónus aos trabalhadores com a justificação de ter tido um "ROE" baixo (rentabilidade de capitais próprios), quando este aumentou, só contribui para a desconfiança e descontentamento já existentes na sociedade em relação aos bancos.
Há que ter ética no trabalho. Não faz sentido numa empresa que apresenta lucros enormes, dividirem-se os lucros unicamente entre os accionistas e administradores e deixar os trabalhadores de fora.
É um princípio de justiça, de boas prácticas, recompensar os trabalhadores quando uma empresa tem um bom desempenho. Não o fazer é desvalorizar os mesmos, não o fazer é desvalorizar o trabalho, não o fazer é contribuir para clivagens entre trabalhadores e direcções e minar a harmonia numa empresa.
No caso particular dos bancos, a situação é, ainda mais, incompreensível e injusta.
No meio da enorme crise que se passou e ainda dura, os bancos obtiveram lucros inimagináveis. Além disto, os trabalhadores bancários são dos mais explorados a nível de horas de trabalho, sendo prova disso as multas recorrentes que os bancos pagam à Autoridade do Trabalho por não pagarem horas extraordinárias aos seus trabalhadores.
Face a isto, de facto não compreendo como é que o maior banco privado português se pode dar ao luxo de justificar algo injustificável, ainda por cima com uma falácia. É uma falta de ética, de valores, de responsabilidade e de justiça que, infelizmente, o BCP já vem habituando os portugueses através de demasiados casos.
Numa altura em que temos em solo português um ilustre escolástico de nome Joseph Ratzinger, cuja obra acerca de ética é de um valor inestimável, e que essa mesma ética - como princípio imperativo a toda a acção humana (na vida, no trabalho, na política) - tem andado na ordem do dia, convém, já agora, pensarmos nisto.
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