É claro que a ideia socialista da igualdade em que hoje são educados os nossos jovens tem por efeito qe eles vejam igualdade em tudo o que brilha, e não apenas entre homens e mulheres, como descrevi
aqui. A sua principal consequência é destruír a ideia de autoridade.
Na conferência a que me referi no post citado, houve um momento particularmente tenso e que me levou aos arames. Foi quando eu estava a expôr um argumento que obviamente não recolhia a aprovação da maioria (eu julgo que não consegui apresentar um que recolhesse a aprovação da maioria) e fui interrompido por um estudante na primeira fila que me atirou:
-Isso é um argumento de autoridade!
Interrompi o meu raciocínio, esperei que se fizesse silêncio e perguntei-lhe o nome e a idade (22 anos). Disse-lhe que tinha 56. Havia uma diferença de 34. E depois disse-lhe o seguinte (cito de memória).
-Claro que é um argumento de autoridade. Eu sou uma autoridade perante si. Se pensa que sou igual a si, desengane-se e considero uma ofensa você estar a querer pôr-me ao seu nível. Quando você nasceu eu já tinha feito uma licenciatura, que só agora você anda a fazer, na realidade já tinha feito um mestrado e um doutoramento, já era professor universitário titular, era pai de três filhos e à espera do quarto ...
e fui por ali fora a enumerar os meus feitos e com um tal entusiasmo que às tantas estava a ficar impressionado comigo próprio. Expliquei-lhe que aquilo que ele tinha dito era uma ofensa porque implicava que eu não tinha aprendido nada nestes 34 anos de vida, antes dele nascer.
E concluí:
-Ou você julga que eu andei aqui 34 anos a olhar p´ró balão à espera que você nascesse para que os dois pudéssemos começar a vida em pé de igualdade?
Eu considero que uma das primeiras tarefas para recuperar Portugal - a sua economia, a sua sociedade, as suas instituições - é pôr na ordem estes miúdos que acham que o mundo nasceu com eles.
Via Pedro Arroja, no Portugal Contemporâneo
De João Belém a 31 de Março de 2010 às 04:01
Excelente é a única palavra que me ocorre.
Adorei este post.
De brmf a 31 de Março de 2010 às 12:26
Do post, concluo: um condutor velhinho será sempre melhor que um condutor jovem. Acumulou experiência. Se vê pior ou tem menos reflexos, não interessa. Viva a experiência. É mais um entre os muitos disparates do Pedro Arroja.
Agradeço que me indique onde leu no post do Pedro Arroja a palavra 'experiência' ou qualquer coisa do género de uma pessoa dever ser mais valorizada apenas pela idade!
Está a confundir Autoridade e Conhecimento com Idade e Experiência. Os 34 anos, que ele tem a mais que o miúdo que o abordou, como ele diz, não foram a olhar para o balão... Todo um percurso de vida (académico, profissional e familiar) sustenta a autoridade que ele pode reivindicar.
É que esta ideia (socialista) de que todos somos essencialmente iguais conduz a um pensamento: que, o que nos pode diferir, é apenas a idade ou a experiência. Tanto é assim, que você leu o texto e só consegui tirar essa ilação, não conseguindo (pela educação socialista que o PA fala) ir mais além...
De brmf a 31 de Março de 2010 às 17:06
"...perguntei-lhe o nome e a idade (22 anos). Disse-lhe que tinha 56. Havia uma diferença de 34. E depois disse-lhe o seguinte (cito de memória).
-Claro que é um argumento de autoridade."
Pronto, é certo que não fala em experiência (lapso, meu) mas em idade. Rigor.
"Todo um percurso de vida (académico, profissional e familiar) sustenta a autoridade que ele pode reivindicar"
Segundo o seu argumento, a partir de agora, deveria ler o Manuel (julgo ser jovem) com menos interesse (não o farei).
Não me interessa a idade, nem a "autoridade" que daí advém. Interessa-me a argumentação. Dispenso o tom paternalista do Pedro Arroja ou de quem quer que seja.
Já agora, ainda segundo o seu argumento, não se diz isto de um senhor com esta idade/percurso de vida/autoridade/experiência/conhecimento....:
http://golpedeestado.blogs.sapo.pt/38181.html
Primeiro, esse é um post humorístico, é um jogo de palavras.
Segundo, mesmo achando que se adequa à pessoa, não me passaria pela cabeça dizer que ele não tem autoridade. Aliás, ele tem tanta, que dizendo por vezes algumas barbaridades, não são grandes a reacções hostis, como acontece noutros casos.
Quanto ao meu caso, leia-me como quiser. Sou jovem, sim, mas também já tenho o meu percurso . E se me disser que me lê com menos interesse do que lê o Pedro Arroja, não se preocupe, que não fico apoquentado. Sei onde "estou" e sei também reconhecer a autoridade. Acho que é isso que falta a muita gente...
E já agora o tom paternalista, não seria dirigido a si (julgo-o com autoridade), mas a quem naquele contexto se calhar não tinha mesmo....
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