Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009

Refletindo sobre a restauração

Portugal comemora hoje mais uma data em nome da liberdade. Após 60 anos de ocupação e submissão a Castela, os Portugueses decidiram a 1 de Dezembro de 1640, unir-se e recuperar aquilo que são os elementos mais definidores de um Estado - a soberania e a independência. Tratou-se de um acto de coragem e bravura que permitiu a restauração da Monarquia e com isso, a dignidade de todos aqueles que manifestavam saudade pela nacionalidade.

 

Tal como hoje, embora de forma mais agravada, os Portugueses sofriam de uma justificada falta de credibilidade relativamente ao poder político. Com a Dinastia Filipina, Portugal rapidamente adquiriu o estatuto de província espanhola, foi perdendo domínios imperiais no Oriente, África ou Brasil e foi conduzido a um enfraquecimento que culminou na perda de um lugar cimeiro que ocupava enquanto potência ultramarina. Foi necessário uma actuação revoltosa para devolver a esperança aos Portugueses. É neste sentido, que também nós, inspirados pelos acontecimentos da «manhã pura e alegre», vimos actuar proporcionando um espaço de ideias e debate, onde publicaremos as nossas esperanças, as nossas revoltas e as nossas lutas.

 

Actuamos no contexto da actual crise económica, política e social, em que a credibilidade e a esperança dos portugueses face aos responsáveis pela governabilidade voltam a ser afectadas. A crise que se vive na actualidade, manifesta-se ao nível das mais altas e poderosas instituições da Nação, que por sua vez despertam um preocupante sentimento de desconfiança por parte dos cidadãos em relação àqueles que são os responsáveis pelo seu bem-estar económico e social. A falta de transparência, a corrupção, a criminalidade ou as injustiças sociais demonstram a clara falta de valores e fazem resurgir apelos à ética nos vários domínios da vida nacional.

 

Parece que o sentimento de indignação tem vindo a crescer. Será necessário algo semelhante a uma revolução para voltar a dar confiança aos Portugueses? Talvez possamos começar por levar a cabo uma restauração dos princípios e dos valores da ética e da moral...

publicado por Maria Dá Mesquita às 05:20
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3 comentários:
De clara a 1 de Dezembro de 2009 às 17:36
Não é isso que dizem as sondagens.


De Luís Pedro Mateus a 1 de Dezembro de 2009 às 18:24
Clara,
as últimas sondagens (não que elas fossem necessárias) indicam que a maioria dos Portugueses não confiam na justiça.

http://www.publico.clix.pt/Política/estudo-da-sedes-revela-que-o-maior-problema-da-democracia-e-o-descredito-da-justica_1390009

Ora, se não se confia na justiça nem nas instituições, sendo estas a base do Estado democrático, temos um grande problema de credibilidade do nosso Estado.

De facto, como disse a Maria, impera haver uma restauração dos princípios éticos.
Um Estado sem ética (que depende directamente dos governantes) gera descrença, desconfiança e torna-se um catalizador da decredibilização da democracia.


De Pio do Mocho a 1 de Dezembro de 2009 às 21:37
Subscrevo inteiramente. Parece-me que o adormecimento desta sociedade em que vivemos precisa urgentemente de um Golpe de Estado.


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