Entre 1970 e 1998 a percentagem de mercadorias que eram transportadas por ferrovia na Europa baixou de 21,1% e 8,4% (de 283 mil milhões de toneladas por Quilómetro para 241 mil milhões). Mas enquanto cá (na Europa) este meio de transporte perdia a sua relevância, nos EUA desenvolvia-se de uma maneira exponencial, muito porque as companhias ferroviárias estavam a conseguir ir de encontro às necessidades da industria. EUA fazem actualmente 40% dos transportes enquanto Europa já vai abaixo dos 8%.
Podemos ver na figura seguinte a quantidade de mercadoria que é transportada por ferrovia por país (isto em 2006, que não deve ser muito diferente de agora) e rápidamente podemos concluir que em Portugal este meio de transporte de mercadorias é práticamente inexistente.
Se tivermos em conta o investimento que é feito todos os anos em novas estradas e auto-estradas e o compararmos com o investimento em ferrovia, podemos perceber porque é que cada vez mais o transporte ferroviário vai perdendo terreno em relação ao rodoviário.
Mas, na minha opinião, não podemos desvalorizar o facto de que Portugal é a primeira porta de entrada e a última de saída da Europa para o Atlântico e que por isso devemos aproveitar e apostar em usufruir da melhor maneira os frutos dessa propriedade.
Daí que eu entenda que devemos desenvolver e melhorar as vias de ligação entre o estrangeiro (Espanha) e os nossos portos, pelo menos aos mais importantes (Sines, Leixões, Lisboa, Setúbal...) e também entre estes, tornando-as mais rápidas e eficientes. Assim teremos uma rede que poderá tornar mais atraente este meio de transporte, pondo-o mais próximo das empresas e com preços muito mais competitivos.
Em termos de sustentabilidade o transporte rodoviário é apenas vantajoso no caso de pequenas quantidades de mercadorias e para curtas distancias. Quando passamos para cargas mais volumosas e pesadas e para médias ou longas distâncias o transporte ferroviário torna-se muito mais sustentável e energeticamente eficiente. Segundo o EUROSTAT na Europa 82% da energia consumida nos transportes é a rodoviária (cá em Portugal ultrapassa os 90%), enquanto que os transportes ferroviários consomem apenas 2% e a base é eléctrica, portanto muito mais limpa. Além disso, descongestiona as nossas estradas de camiões que, muitos deles, fazem apenas as ligações de portos portugueses para terminais ferroviários espanhois, visto não existirem outros meios.
Entendo, então, que temos muita margem de manobra para melhorar e organizando um plano de estratégia como fez a Espanha (Plano Estratégico Integrado de Transportes) conseguiremos fazer isso de maneira sustentável. A liberalização dos transportes ferroviário, que cá já arrancou, foi sem dúvida um grande passo nesse sentido, faltando agora apenas a melhoria das condições.
Continuarei noutro post!
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