Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2010
É tão engraçado como o Governo se tem esforçado ao máximo por cumprir o seu programa eleitoral e por demonstrar a democraticidade da sua governação! Agora vem dizer que, se a lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo receber o chumbo do Tribunal Constitucional, essa lei passará a abranger a possibilidade de adopção por parte de casais homosexuais. Ou seja, depois de muitas críticas sobre a inconstitucionalidade daquilo que foi aprovado na AR na passada sexta-feira, o Governo finalmente caíu em si e parece estar a admitir que, efectivamente, aquilo que foi aprovado é mesmo um verdadeiro "aborto jurídico" e pouco ou nada tem de democrático - desde as discriminações dentro da própria lei, ao desprezo de mais de 90.000 assinaturas.
Só é pena que o Governo não se preocupe de igual modo em cumprir o seu programa quando se tratam de questões prioritárias como o combate ao desemprego, à divida pública ou ao endividamento externo. Mas lá está, neste caso mais vale não cumprir e atender às criticas. O problema é que teimosia e a cegueira do nosso Primeiro-Ministro impede-o de chegar à conclusão a que muita gente já chegou - que o programa de governo também ele é no seu todo um aborto.
nada disto se passava, a possível inconstitucionalidade, se o governo tivesse feito as coisas como deveria e não criando uma discriminação numa lei, que deveria ser para acabar com uma discriminação.
Este alvoroço em torno da lei acerca dos casamentos entre homossexuais tem precisamente como objectivo desviar a atenção dos verdadeiros problemas que o país atravessa. Problemas esses que devem ser resolvidos e que evidenciam o insucesso do socialismo!
A meu ver este alvoroço ainda tem mais que se lhe diga. Esta é uma das poucas matérias onde o governo consegue algum suposto consenso parlamentar (isto porque a esquerda à esquerda do PS achou que aprovar esta lei era melhor do que nada). E como a incerteza em relação ao futuro dos Socialistas no Governo é cada vez maior num cenário de maioria relativa, e se eventualmente o Governo vier a cair, ao menos podem dizer esta legislatura fez alguma coisa, e uma coisa «em grande»! E bastante «democrática»! E que lhes concederá lugar na história!
Em suma, a urgência de tomar estas medidas deve-se a meu ver, à incapacidade de governação noutros domínios, por sua vez bem mais importantes mas bem mais difíceis de arranjar consenso. Porque sim, o Governo sabe que há coisas bem mais importantes para o país do que estas fantochadas. Não sabe é como é que irá conseguir dar a volta à situação...
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