Há pouco, num programa da RTP, falava-se "da" (e não "de") regionalização. Os cinco intervenientes no debate, um de cada partido representado no Parlamento, disseram-se-lhe favoráveis. Mas, ainda assim, quem os ouvisse ficaria na mesma. A favor de quê, exactamente? Toda esta conversa - e aceitação acrítica - relativamente a um chavão que pode ter os mais variados conteúdos (embora continue vazio), lembrou-me uma familiar analogia com batatas.
Apesar não fazer muito bem à saúde – Estado todo-poderoso, quando pões limite à ingestão de gorduras? – gosto muito de comer batatas fritas. De vez em quando, umas batatas assadas não me sabem nada mal. Mas, por outro lado, de batatas cozidas não gosto nem do cheiro. Disto se conclui que se me perguntarem se gosto de comer batatas não posso dizer simplesmente sim ou não.
Como a batata, a regionalização também pode dar em muita coisa diferente. Pode ser positiva, negativa, irrelevante, catastrófica... Por isso, começar a arregimentar forças por um "sim" e um "não" a uma coisa que ainda não está definida – algo que só deve, desejavelmente, acontecer depois de um amplo debate – parece-me precipitado.
Nesta fase, mais importante do que perguntar se sim ou não à regionalização, é perguntar pelo debate. Esse, ninguém parece estar disposto a fazer de forma séria e sem preconceitos, dando cobertura à ideia da inevitabilidade de uma espécie de regionalização feita para satisfazer os anseios de mais lugares do poder político e os caprichos etnocêntricos de algumas elites bairristas.
De Pedro Santos Rocha a 15 de Dezembro de 2009 às 19:10
Caro Tiago
Obviamente, neste país tudo se passa de modo muito avançado! Passo a explicar: primeiro discute-se a "cura", só depois é que se vai ver se há doença!
Quanto a debates, esses não interessam para nada! Mais uma vez, obviamente, só servirão para lançar a confusão. E, quando alguém se propõe a fazer um debate, este "descamba" em acusações políticas do tipo "eu quero governar mas ninguém me deixa"! Ou então, "eu sei que você sabe que eu sei que você sabe". Ou seja, tal qual como a "lógica da batata".
Infelizmente, vivemos numa república das bananas que é governada por uns quantos batatas que lá foram postos sem sequer saberem qual era a "sua" lógica!
De facto, o que o meu ilustríssimo amigo está a fazer neste post é "tentar" lançar o debate, mas deixe-me que lhe diga que este "peditório" vai ter o mesmo fim dos outros. Vamos continuar todos a assobiar para o ar à espera que quem realmente manda neste país se decida finalmente a fazer aquilo que lhe compete: levar Portugal para a frente. E quando aí chegarmos, aí sim: eu sou a favor da regionalização! Porque se continuarmos assim, "esta" regionalização só servirá para enviar mais dinheiro para Lisboa e deixar os outros a "ver navios"
Um grande abraço
Pedro Santos Rocha
Curioso tema...
Hoje mesmo, na Sic N assisti, com perplexidade -ou não- a algumas justificações para a Regionalização ou não.
Imagine-se a argumentação de um senhor, Eng. Civíl de profissão, dizer que seria mais uma forma de "encher a barriga" e dar "tacho" aos políticos e às famílias e amigos.
Pergunto-me: até quando continuará esta visão negra da política? Falta gente informada, que saiba como as coisas funcionam. Falta gente séria a fazer e a observar. Falta Educação.
Tal como é dito, discuta-se e depois faça-se, se for pelo melhor.
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