Domingo, 27 de Dezembro de 2009

A Sagrada Sabedoria


 

 

Faz hoje 1472 anos que a construção da Hagia Sophia foi completa.

Mandada construir pelo Imperador Romano do Oriente, Justiniano, foi a maior catedral do mundo durante mais de mil anos, até à construção da catedral de Sevilha em 1520.

 

Quem entende, diz que esta veio mudar completamente a história da Arquitectura.

Durante séculos, foi considerada o centro, o símbolo da cristandade. A pobre e saqueada Roma, comparada com Constantinopla, era um parente pobre e distante, sem qualquer poder político durante os primeiros passos da era cristã no pós-queda do Império Romano do Ocidente.

 

Desde o seu nascimento, a "Santa Sabedoria" (Hagia Sophia) assistiu a quase todo o período crítico do processo que veio a definir a Europa.

 

Serva e Dona de um diminuído Império Romano até 1453, data em que este caiu para os Otomanos, testemunhou, do estreito do Bósforo, toda a maturação das nações europeias.

 

Enquanto o decadente império serviu, durante mais de mil anos, o vital propósito de "estancar" o avanço organizado do Islão, o ocidente dividido em reinos e feudos "bárbaros" ainda não cristianizados, foi-se consolidando e cristianizando durante estes primeiros séculos até culminar, em 814, no unido Reino (posterior Império) dos Francos do conhecido Carlos Magno (considerado pai da Europa).

 

A Hagia Sophia, no reduto dos costumes e identidade cristã que foi a parte oriental do Império Romano, foi símbolo sagrado e farol que inspirou a converter os novos povos "bárbaros" chegados à velha Europa e máximo expoente duma civilização cujos costumes e leis foram emulados por toda a Europa.

 

Esta catedral, permitam-me o romantismo, representa, melhor que nada e que ninguém, o encontro do mundo cristão com o islâmico, nessa história milenar que aproxima e separa estas duas civilizações filhas do mesmo Deus, mas reféns de diferentes profetas.

 

É por isto, e por muito mais, que achei indispensável assinalar a data. 

publicado por Luís Pedro Mateus às 15:33
link | comentar | favorito
Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2009

Os minaretes da democracia

O Islão implica muçulmanos, o Islão implica mesquitas, o Islão implica minaretes. São factos que dispensam qualquer esforço mental.

 

A probição da construção de mais minaretes na Suiça é uma questão que, ao que parece, já requer um pequeno esforço de análise.

 

A liberdade religiosa é um imperativo, é um direito humano fundamental. Na Europa onde vivemos, que se rege pelos cânones civilizacionais do ocidente democrático, de matriz judaico-cristã, aprendemos a evoluir e a respeitar a liberdade das pessoas para seguir e praticar a religião à sua escolha.

 

Parece-me a mim, como aqui já o disseram, que esta questão está coberta de ridículo. Não existe uma justificação aceitável para esta proibição e até as instâncias religiosas católicas e protestantes já vieram condenar o resultado do referendo, advogando precisamente,  que a liberdade religiosa é um direito fundamental.

 

Não deixo de ter um espírito crítico quanto às comunidades muçulmanas que vivem em solo europeu. Em França, principalmente, como na Alemanha e Suécia, estas comunidades tornam-se num problema sensível quando, insistentemente, continuam a isolar-se e a desrespeitar leis de direitos humanos (principalmente no que toca o tratamento das mulheres) que colidem com as suas convicções religiosas.

 

Eu não sou politicamente correcto nem tenho complexos anti-"sionistas" (o que quer que isso signifique) que me faça ter uma atitude de desculpabilização em relação aos muitos defeitos do Islão que é, vê-se, facilmente radicalizável. Para mim, a nossa civilização é melhor que a islâmica ou a chinesa no que toca o respeito pelo próximo - é esta a revolução do pensamento cristão - e foi precisamente esta nossa civilização que, apoiada numa matriz judaico-cristã de pensamento moral e ético, foi evoluindo essas bases, tornadas Lei, de modo a um melhor funcionamento da sociedade, de respeito pelo próximo e com uma intrínseca aderência aos valores democráticos. Evolui-se.

 

Somos mais democráticos e mais respeitadores do que os chamados Regimes Islâmicos que ainda não separam a religião do Estado. A nossa superioridade moral (não tanto nas pessoas, mas nos regimes) está patente na forma como os tratamos cá, em solo europeu, nesta nossa civilização que lhes dá os mesmos direitos que qualquer cidadão nascido na europa ou em áfrica, cristão ou muçulmano, ateu ou crente, homem ou mulher. Mas os direitos acarretam, como todos sabemos, deveres. Portanto trata-se de um compromisso que cada cidadão firma com a sociedade onde se está a inserir.

 

Numa altura em que tudo é considerado aceitável, onde as sociedades se moldam consoante as vontades da maioria - é esta a forma democrática - o modelo de Estado democrático enfrenta um grande desafio.

O processo de decisão e de governo democrático nunca se deve fazer anteceder de algo que lhe é anterior e superior: a moral e a ética.
O facto de uma decisão ser democrática não significa, necessariamente, que esta seja aceitável. Se assim fosse, 50,1% de uma população poderia decidir matar os outros 49,9%. Teria sido uma decisão democrática, sem dúvida, mas inaceitável.

O sucesso da democracia depende portanto da consciencialização desta de que existem limites à sua acção.

A suprema herança que o cristianismo deixa à civilização é precisamente a sua ética. A ética cristã que, quer a crentes e ateus, vincula a consciência individual das acções de cada um, é algo que ultrapassou o significado religioso e se tornou intrínseca ao quotidiano da sociedade.
 

 

Se a sociedade não cair em tentações pírricas, anarquismos e anti-clericalismos, ou seja, se compreender que o Estado não re-inventará a ética dos Homens e que esta é superior e anterior ao próprio estado democrático, estará certamente no rumo do progresso sustentável e de evolução cultural.

 

Numa altura em que se debate, por exemplo, a obrigatoriedade da educação sexual nas escolas (nem vou falar dos minaretes), convinha interrogarmo-nos como cidadãos se o ensino da moral e da ética, sem qualquer preconceito ou fanatismo religioso, não seria muito mais importante, vital até, para a melhor formação dos cidadãos.

 

De facto, os minaretes de que precisamos são aqueles em que se faça o chamamento à consciência interior de cada indivíduo em versos de paz e respeito que inspirem o melhor em cada um.

 

publicado por Luís Pedro Mateus às 15:18
link | comentar | ver comentários (5) | favorito

Não havia necessidade

 

A custo, vou tentando perceber a razoabilidade do referendo suíço sobre os minaretes e, mais ainda, o seu resultado. Referendar um pormenor que não passa disso mesmo e, como consequência, proibir a construção de algo que outra função não tem que não seja meramente simbólica, parece brincar com o fogo com uma enorme vontade de se queimar.

 

É que a tolerância religiosa, tida hoje como uma marca civilizacional de elevada importância, não está livre de sofrer nuances na sua aplicação. Se é certo que todas as religiões são dignas de um tratamento baseado na tolerância e abertura por parte de todos, não é verdade que todas as religiões mereçam o mesmo grau de confiança. O islamismo, certamente, merece um olhar atento e desconfiado. Não é à toa que a maior parte das notícias que nos chegam sobre problemas relacionados, directa ou indirectamente, com religião, estejam ligadas ao Islão.

 

Com recurso a um mínimo de bom senso, toda a gente percebe que os minaretes não representam qualquer espécie de ameaça. Proibi-los, mais não faz do que dar motivos para as virgens lá do oriente se sentirem ofendidas a troco de coisa nenhuma – embora já tenha visto algumas ofendidas por menos – e esvaziar um pouco da credibilidade que a postura vigilante em relação ao Islão merece.

publicado por Tiago Loureiro às 03:11
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
contacto | twitter

autores

pesquisar

 

blogues dos nossos

mais comentados

últ. comentários

I’m recommending a verified and trusted trader for...
Tudo graças ao Sr. Anderson por ajudar com meus lu...
this is unbelievable, it is my first time to be ca...
Thanks for accepting me on your blog. I will bring...
OFERTA DE EMPRÉSTIMO DA NOVELTY FINANCE "Olá!!! Pr...
Oferta de empréstimo rápida e sériaInformações sen...
Oferta de empréstimo rápida e sériaInformações sen...
VOCÊ PRECISA DE UM ENORME EMPRÉSTIMO DE ATÉ $ 500 ...
Firma de empréstimo Sky Wealth, nós concedemos emp...
Bem-vindo a New World Finance Ltd, agradecemos os ...

arquivos

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

tags

todas as tags

blogs SAPO

subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub